Um tipo inesquecível
Em criança, descobri, certo dia, no quarto de meu irmão mais velho, muitos exemplares da revista Seleções Reader’s Digest.
Às vésperas das férias de julho, com perspectivas de muitos dias frios e sem programação de viagem, um verdadeiro tesouro.
E, assim todos os dias invernosos foram dedicados à leitura daquelas preciosidades.
Tomei contato com muitos autores célebres graças aos condensados de várias de suas obras.
O mês acabou e eu quase concluíra a leitura de todos aqueles exemplares ali guardados.
Recordo que havia uma seção que eu apreciava demais. Chamava-se Meu tipo inesquecível.
Eram leitores que escreviam a respeito de pessoas que tinham feito a grande diferença em suas vidas: professores, amigos, colegas de escola, parentes.
Aquilo me ensinou a olhar mais em meu entorno, aprofundando observações a pessoas de meu relacionamento.
Foi lembrando dessa seção que olhei para aquele homem andando pelas ruas do Jardim Social. Segundo os moradores, ele parece, simplesmente, ter surgido naquele bairro.
Um homem simples mas portador de enorme inteligência. Aposentado, enfrenta os problemas de quase todos os que não disponham de aposentadorias especiais: manter o padrão de vida, prosseguir a viver com dignidade, suprir o necessário para o lar.
Contudo, Fábio descobriu a infinidade de cães existentes no bairro. Cada família tem dois, três e até quatro.
Por isso, ofereceu-se para ser condutor de cães.
Logo, conseguiu a adesão de muitos moradores. Desde a madrugada, é possível vê-lo conduzindo aqueles animais de grande estimação dos seus donos.
São animais grandes, médios, pequenos. Ele passeia com um, dois e até seis ou oito de cada vez, levando-os a caminhar pelas calçadas.
E tudo faz com um amor e uma consideração que vai além de um simples contratado para aquele trabalho.
O que mais chama a atenção é quando ele sai com um animal pequeno, magro, envelhecido.
Com a guia na mão direita, ele lhe permite parar em todas as árvores, arbustos e postes que queira. Ele espera, com calma, respeitando o ritmo e a vontade do cão.
E os passeios não respeitam sábados, domingos ou feriados. Literalmente, eles acontecem todos os dias.
De tudo isso, ressaltam duas grandes lições:
Primeira, quem aprendeu a amar o trabalho, sempre encontra o que fazer, principalmente, em épocas difíceis quais as que atravessa o nosso país.
Não importa que não seja o que estava acostumado a fazer, ou que não tenha nenhuma relação com sua profissão.
Em vez de reclamar, de ficar a se lamentar do salário de aposentado, podemos acionar a vontade e encontrar algo com que nos ocuparmos e sermos remunerados por isso.
A segunda lição tem a ver com o carinho dedicado aos animais. Diga-se, algo que, por vezes, nós mesmos não dispensamos a outras pessoas, especialmente crianças e idosos, que exigem paciência, atenção e cuidados.
Que nos sirva de exemplo o senhor Fábio, o condutor de caninos, um homem de sabedoria, um trabalhador, um homem que ama.
Redação do Momento Espírita.
Em 24.8.2016.
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