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Ponderada observação


A época era de crise. Os empregos escasseavam.

Jovem, ele chegara na capital com o objetivo de estudar e, para se manter, buscara uma ocupação remunerada.

Agradável, com esmerado comportamento, logo ficou à vontade no convívio com os colegas. Sentia-se feliz por ter conseguido, graças a um amigo, a indicação para o cargo que ocupava.

Entretanto, depois de cerca de dois anos de atividade, Elói enveredou por uma estrada um tanto áspera.

Continuava, como no princípio, risonho, comunicativo. Contudo, passara a utilizar palavrões, no dia a dia. Por tudo e por nada, se alterava e passava a despejá-los, como numa torrente sem fim.

O pior é que introduzia blasfêmias em que ofendia a Divindade, de várias formas. Isso aborrecia os colegas que passaram apenas a tolerar a sua presença.

Economicamente acomodado, realizava com zelo seu trabalho. Cuidava do arquivo, de papéis de confiança, juntava a documentação em sua mesa, mantinha anotações precisas, enfim, era tido como um bom funcionário.

Possivelmente, tenha sido esse comportamento o segredo de ter conquistado a simpatia dos patrões e dos colegas.

Mas, agora, estava se tornando uma pessoa um tanto difícil de conviver. Por qualquer insignificância, proferia palavrões, neles incluindo o Pai Criador e todos os santos que lhe viessem à mente.

Certo dia, essa forma de agir atingiu o ápice. Procurando por um documento de importância, que lhe era solicitado, começou a mexer nas gavetas, em cima da sua mesa, no armário.

Tudo demonstrava o seu nervosismo por não localizá-lo. À medida que os minutos passavam, começou a se alterar.

E os disparates brotaram da sua boca. Deus é isso, Deus é aquilo, gerando um grande mal-estar no recinto de trabalho.

Enquanto os colegas se olhavam um ao outro, não sabendo o que fazer, o chefe do escritório, um homem calmo, respeitado, perguntou-lhe:

Rapaz, você acredita em Deus?

Um silêncio se fez. Colhido de surpresa, Elói não sabia o que responder. O ponderado senhor José voltou a fazer a pergunta, que continuou sem resposta.

Então, ele mesmo fez as considerações: Se você acredita em Deus e o ofende, maculando Aquele que nunca te fez mal, está sendo leviano e injusto.

Entretanto, se você não acredita em Deus, a conclusão é que está ofendendo Quem, no seu entender, não existe.

Como isso é contraditório, devemos admitir que você está doente, muito doente.

* * *

O Apóstolo Paulo, prisioneiro em Roma, escreveu aos companheiros de Éfeso, na Ásia.

Nessa carta, entre outras tantas advertências e orientações, estabeleceu: Não saia da vossa boca nenhuma palavra indigna, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.

A amargura, raiva, cólera, gritaria, blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós.

Assinalava, dessa forma, o compromisso que temos de preservar o ambiente psíquico de onde nos encontramos.

Com nossas palavras podemos promover a paz ou a intranquilidade.

Importante que tenhamos isso em mente. Conforme pensamos, falamos, agimos, podemos colaborar para a harmonia.

Falemos, portanto, edificando o bem e proporcionando clima de bênçãos.


Redação do Momento Espírita, com base no texto A blasfêmia, de Guido Del Picchia, do Jornal Mundo Espírita, de março de 1980, ed. FEP e transcrição da Epístola aos Efésios, de Paulo de Tarso, cap. 4, versículos, 29 e 32.

Em 30.8.2016.


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