Esse tutorial é da versão 8 do fedora, mas acredito que funciona para as versões atuais.
O Fedora hoje é, juntamente com Ubuntu, openSUSE e Mandriva, uma das distribuições mais usadas no mundo. Entre suas qualidades, destaca-se a robustez, facilidade de uso, estabilidade e atualizações constantes, além de uma ótima performance.
Já vem com o browser Mozilla Firefox, com OpenOffice.org e suporte a diversos idiomas, além de uma grande diversidade de programas para servidores e desktops. Novas versões do Fedora são lançadas aproximadamente cada 6 meses tendo como padrão três versões Teste para validação e correção de bugs reportados através do sistema bugzilla do projeto.
A versão 8, apelidada de "Werewolf" e lançada no dia 08 de novembro de 2007, possui assim como várias outras distribuições, um belo instalador gráfico, para PCs com processadores acima de 1GHz e 256 MB de RAM. Para abaixo disso, há uma instalação em modo texto, também amigável, já que possui estrutura e diagramação bem parecidos com o instalador gráfico.
Este instalador grafico se chama "Anaconda", e é usado tanto no Fedora quanto nas versões "de caixa" do Red Hat. Além de ser fácil de usar, possui a instalação toda em etapas, permitindo, em quase todas as telas, sempre selecionar opções mais avançadas, além das simples.
Vamos então neste tutorial aprender a instalar o Fedora usando o seu instalador Anaconda, fazendo com que você instale de maneira rápida e eficiente a distribuição, e explorando o máximo de recursos que este programa oferece. Mãos à obra!
Inicialização e particionamento
A primeira coisa a fazer, obviamente, é inserir o DVD no seu drive e reiniciar o computador. Se o seu computador tiver já com o BIOS configurado para inicializar primariamente pelo drive de CD/DVD, a primeira tela que veremos será esta:
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1 Partindo da última opção para a primeira, a "Boot from a local drive" inicializa uma instalação local do seu disco rígido; a penúltima "Rescue Installed System" faz recuperar um Fedora 8 já instalado em seu computador, caso ele tenha se "quebrado"; a segunda opção "Install or Upgrade an Existing System (text mode)" fará a instalação em modo texto (para PCs mais antigos), sem o Anaconda. A primeira, "Install or Upgrade an Existing System", é justamente a que vamos usar: o instalador gráfico.
Dica: Para iniciar a instalação a partir de um local da rede, escreva na linha disponível "linux askmethod", seguido de Enter.
Então, o que temos a fazer é simplesmente dar "Enter" para o processo se iniciar. Caso contrário, se iniciará automaticamente em 60 segundos:
2 Logo após esta tela de carregamento, a instalação chegará à um processo de verificação de integridade de sua mídia, ou seja, ver se o seu DVD possui algum erro. Se você tem certeza que este não possui, ou se já verificou o MD5, basta ir com a seta do teclado até "Skip"; para verificar, aperte em "Ok". A verificação é importante, pois principalmente em drives ópticos, a incidência de erros na gravação é grande; além disso, também protege contra alterações maliciosas na imagem, que consegue se auto-verificar devido à uma chave MD5 embutida.
Depois da checagem ou de pular a mesma, o instalador ficará em uma tela preta, onde primeiramente identificará se você possui mais de 256 MB de RAM e 1 GHz no processador. Caso não, o Fedora carregará um instalador em modo texto, com estrutura similar:
3 Caso você tenha uma especificação superior à acima, o Anaconda será carregado, após identificação da sua placa de vídeo e mouse, já que carrega uma versão simples do X. Feito isso, a primeira tela a ser mostrada é a de boas vindas:
4 Você pode clicar no botão "Release Notes" para verificar as novidades da versão:
5 Uma dica interessante é que, ao invés de visualizar a tela de instalação, você pode, por exemplo, monitorar os processos e o próprio instalador, verificando mensagens do kernel, detecção de hardware, e até acessar o shell. Se você estiver no modo grafico, pressione Ctrl+Alt+F4 (e Alt+F2, ou Alt+F3) para navegar por entre as telas, e Alt+F7 para voltar ao instalador. Para o modo texto, use Alt+F2 (F3 ou F4), e Alt+F1 para voltar.
Caso seu mouse não seja identificado, pode pressionar as teclas de atalho, como por exemplo, Alt+R para ir ao "Release notes". Na próxima tela (Ctrl+N), selecione um dos 31 idiomas para continuar com a instalação:
6 Lembre-se que você também pode navegar usando a tecla "Tab". Após clicar em 'Avançar', o instalador pedirá para você selecionar um dos 53 diferentes opções de teclado; marque sua opção e avance. Caso já tenha algum Fedora Linux instalado em seu HD, o Anaconda perguntará se você deseja reinstalar ou atualizar o seu sistema. Um ponto interessante é que, para o Fedora, OpenSuSE e outras distribuições baseadas no sistema RPM, a opção de atualizar realmente funciona e o resultado final fica excelente, como se fosse uma nova instalação, afinal, atualizar o sistema é dor de cabeça para os usuários do Ubuntu e distribuições baseadas do Debian, cujos experientes sempre pedem para formatar antes de uma nova instalação.
7 Na próxima tela, você selecionará opções de partições, HDs e outros:
8 Você terá quatro opções: apagar todo o disco e deixar o Fedora criar tudo automaticamente, usar as partições Linux já existentes com formatação, ou usar espaço livre ou criar um layout personalizado.
Selecione esta última opção:
9 Logo abaixo você selecionará o HD em que deseja efetuar a instalação.
Existe um botão chamado "Configurações avançadas", nele você poderá adicionar destinos iSCSI, ou seja, instalar o Fedora em uma unidade conectada através do protocolo iSCSI selecionada a opção, clique em "Adicionar um alvo iSCSI" e então vá em "Adicionar drive", indicando um endereço IP e o nome do iniciador iSCSI; ou desativar um dispositivo dmraid que foi detectado durante a inicialização.
Veja que, com a opção de criar layout personalizado, já está marcado a opção "Rever e modificar layout do particionamento", e avance:
10 A tela acima é uma das principais da instalação; é nela que você particionará todo o seu HD. Para, por exemplo, redimensionar uma partição, selecione-a no quadro inferior e clique em "Editar".
Clicando em "Adicionar", é possível selecionar o ponto de montagem (para instalar o sistema, o ponto é "/", e para deixar seus arquivos pessoais e configurações em outra partição, crie uma com o ponto "/home"), tipo de sistema de arquivos (o padrão é ext3), e os cilindros iniciais e finais (aqui você define onde ela começa e termina, e consequentemente, o tamanho, podendo ser o mesmo visto na linha acima, em "Tamanho"), além de forçar a partição a ser primária (padrão é não selecionado).
11 Criada a partição para o sistema, devemos criar uma SWAP, que é a partição onde o sistema faz as trocas memória/HD e HD/HD. Veja um trecho do tutorial de Carlos E. Morimoto, "Instalação, particionamento e solução de problemas no Kurumin" (http://www.guiadohardware.net/tutoriais/instalacao-kurumin/dicas-pa.):
"A partição swap não é realmente obrigatória, você até pode passar sem ela se tiver 512 MB de RAM ou mais. Porém, mesmo com bastante memória RAM, é recomendável usar uma partição swap, pois ela permite que o sistema remova bibliotecas e arquivos que não estão sendo usados da memória, em caso de necessidade, deixando mais memória livre para rodar os aplicativos nos momentos em que você estiver rodando muita coisa ao mesmo tempo e o PC estiver sofrendo para acompanhá-lo :).
Muita gente tem uma imagem errada do uso da memória swap por causa da forma burra como ela é gerenciada no Windows 98. Nele, mesmo com muita memória disponível, o sistema insiste em fazer swap, prejudicando o desempenho e tornando as respostas do sistema muito mais lentas. No caso do Linux, o gerenciamento é feito de forma muito mais inteligente, pois o sistema leva vários fatores em conta na hora de decidir se usa ou não usa swap, utilizando-a apenas em casos de real necessidade. De uma forma geral, a swap é usada apenas em situações onde seu uso vai melhorar o desempenho do sistema.
Usar swap para melhorar o desempenho parece paradoxal. Afinal, a swap é centenas de vezes mais lenta que a memória RAM e tudo que é colocado nela demora muito tempo para ser reavido. Entretanto, quando você abre muitos aplicativos e a memória RAM começa a acabar, mover para a swap arquivos e bibliotecas que possuem pouca chance de serem usados novamente faz sentido, pois libera memória para uso dos aplicativos que você realmente está usando." Para criá-la, selecione novamente "Adicionar". Escolha o tipo de sistema de arquivos como swap, e faça as escolha igual a partição anterior, mas dessa vez simplesmente selecionando o tamanho, se deseja utilizar o mesmo fixo, todo o espaço livre ou todo o espaço até a quantidade a ser escolhida;
12 Caso tente avançar sem criar uma swap, o sistema te alertará:
Use, caso necessite, as opções "Apagar", para remover uma partição, ou "Restaurar", voltando uma ação atrás. Também é possível criar LVM e agrupamentos RAID.
13 Gerenciador de boot e outras configurações
Na próxima tela, você selecionará as opções de gerenciadores de boot, responsável por aparecer aquele menu na hora de escolher o sistema operacional. O Fedora usa o GRUB por padrão, ao invés do Lilo, por o primeiro possui maior flexibilidade e estabilidade.
Entre as opções, estão a de instalar no HD (MBR (primeiro setor do HD) ou no primeiro setor da partição), ou não instalar e configurar manualmente através de outro sistema operacional.
14 Aqui você pode adicionar, além do Fedora, outros sistemas, clicando no botão "Adicionar", indicando o nome e a partição onde se localiza:
Marque a opção "Padrão", na lista, para escolher o SO carregado por padrão no boot. Vale lembrar que o Windows é identificado como "Outro", para alterar o nome do mesmo clique em "Editar", após selecioná-lo.
Veja na tela principal também pode-se colocar um senha no GRUB, bastando selecionar o item e clicar em "Alterar senha". Marque a opção "Configurar opções avançadas do gerenciador de inicialização" e avance para continuarmos.
Nesta etapa, selecionaremos algumas opções especiais, como a gravação do GRUB no primeiro setor do HD (MBR) ou da partição. Caso deseje o GRUB do Fedora gerenciar todos os sistemas do seu computador, deixe a primeira opção marcada.
Aqui também é possível adicionar parâmetros adicionais ao kernel, para ver as mais de 200 opções, acesse o arquivo /usr/src/linux/Documentation/kernel-parameters.txt, após instalar o pacote do código fonte do kernel.
15 Avançando, vamos agora para as opções de rede. No primeiro campo, temos as placas identificadas e a possibilidade de editá-las (nome da placa, configuração manual ou via DHCP), escolhendo também a opção de ativar na inicialização ou não. Caso queira deixar tudo automatizado, deixe as opções padrões ativadas, como a de definir o nome da máquina automaticamente via DHCP. Também é possível editar o nome da máquina, gateway e DNS.
16 Depois disso, vamos para a tela onde selecionaremos o fuso-horário. Ao invés de te procurar no mapa, pode selecionar na lista abaixo, onde, no meu caso, a localidade mais próxima era America/São Paulo.
Existem, no seu computador, dois "relógios": o do seu hardware, mantido por uma bateria da sua placa-mãe, e o do sistema, usado pelo kernel do Linux. É importante manter os dois sincronizados, para fins de administração. Vários computadores possuem o relógio do hardware padrão como o GMT, do Meridiano de Greenwich. A designação moderna para o GMT é UTC, "Coordinated Universal Time", ou horário coordenado universal. O relógio do Linux é relativo à este padrão, e o fuso padrão é de -5 horas do UTC. Marcar a opção "O relógio do sistema usa UTC" possui a vantagem de permitir ao Linux facilmente se relacionar com a posição geográfica do computador e o fuso-horário.
16 Na próxima tela temos um passo simples: a escolha da senha do root, o administrador, necessário para executar tarefas que alteram funções do sistema. A senha é 'case sensitive', ou seja, diferencia maiúsculas de minúsculas.
17 Na próxima tela, selecionaremos opções de pacotes, disponíveis inicialmente em três categorias: "Escritório e produtividade":
aplicativos como OpenOffice, gráficos e outros para o dia-a-dia,
"Desenvolvimento de software", para quem é programador, e "Servidor Web".
Você pode selecionar a opção que lhe deseja, e até adicionar outros repositórios personalizados, clicando no botão correspondente abaixo.
Esta opção lhe permite instalar pacote de terceiros ou pegar pacotes atualizados do servidor do Fedora, não precisando atualizar todo o sistema após a instalação. Esta opção requere muita banda, pois seriam baixados cerca de 1 GB de pacotes.
18 Você poderá personalizar os pacotes, como por exemplo, selecionar o ambiente GNOME ou KDE, clicando em "Personalizar agora", e avançando.
19 Nesta etapa você pode escolher entre as diversas categorias de pacotes existentes, desde suítes para criação de graficos, até servidores, etc.
Aqui, como você vê, também é possível escolher entre o KDE, GNOME ou ambos; para escolher mais aplicativos (opcionais), selecione o ambiente (como, por exemplo, GNOME), e clique em "Pacotes opcionais":
20 E escolha os programas opcionais de interesse. Lembre-se que isto não é muito importante, afinal esta etapa do processo pode ser perfeitamente feita depois.
Avançando, o Anaconda resolverá todas as dependências necessárias, e apresentará sua última tela antes da instalação:
21 Agora, vá tomar um café, ou dar uma volta, enquanto todos os mais de 800 pacotes são instalados, podendo demorar até uma hora, dependendo da sua máquina e dos grupos de pacotes escolhidos.
22 Configurações de primeira inicialização
Depois da instalação do pacote, o sistema é automaticamente reiniciado, caindo em um utilitário gráfico de configurações pós-instalação. Vale lembrar que o Grub do Fedora carrega automaticamente o sistema padrão caso não seja nenhuma tecla pressionada em 3 segundos (para alterar posteriormente, acesse o arquivo "/boot/grub/menu.lst" e mude a opção "timeout"). Caso tenha escolhido o Grub com senha, tecle "p", e digite-a.
23 Embora já se tenha efetuado uma série de configurações durante a instalação, o Fedora permite efetuar um número maior ainda após a primeira inicialização. Nesta etapa, o sistema carrega o utilitário "firstboot", responsável pela personalização do computador. Ele vai te perguntar algumas questões que faltam para fechar a instalação e seguir usando o Fedora.
A primeira tela é a de boas vindas, simplesmente avance-a. A segunda confere os termos de uso nos quais o Fedora foi lançado. Se você concorda, clique em "Avançar". Para você visualizar como o Fedora mantém suas características a cada versão, colocarei par-a-par a tela da versão 7 (em português, acima), e do 8 (em inglês, abaixo, créditos a http://www.howtoforge.com/installation-guide-fedora8-desktop ). Isso não significa que aparecerá em inglês para você no Fedora 8, muito pelo contrário - é apenas para fins de ilustração aqui no tutorial.
A configuração de firewall é o próximo passo, e você sempre deve deixá-lo ativado. Embora o Fedora permaneça com ele neste estado por padrão, ele permite a alteração de permissões de portas específicas para determinados serviços. Dependendo de suas necessidades, selecione as portas a serem liberadas, na caixa correspondente. Caso queira, também coloque portas específicas e o protocolo (UDP ou TCP). Quanto mais portas abertas, maior o número de possíveis ataques externos.
Avançando, temos a configuração do SELinux, que permite uma política de segurança muito mais detalhada, e continua em desenvolvimento. Introduzido no Fedora Core 2, foi criado pela NSA (National Security Agency), organização de segurança dos Estados Unidos, para deixar muito mais restrito o controle de acesso ao sistema. Na prática, se um invasor consegue ter acesso total ao seu sistema, o SELinux permite amenizar muito mais o estrago que o criminoso pode causar. Deixe o padrão, como "Reforçado", e avance.
Na próxima tela, temos a configuração de data e hora, que dispensa comentários. Caso você queira ter seu computador com o horário sempre sincronizado com os servidores globais, vá para a aba "Network Time Protocol" e ative-o, deixando o restante das configurações padrão.
Importante ter acesso contínuo à Internet para este fim.
Depois de selecionar data e horário, você poderá contribuir com o desenvolvimento do projeto Fedora. O utilitário "Smolt" se encarrega de enviar informações e configurações de hardware, e se estão funcionando perfeitamente ou não, para o projeto, ajudando o mesmo a analisar onde o Fedora está sendo usado, melhorando a detecção e o funcionamento em determinados hardwares. Vale lembrar que não são enviadas informações pessoais. Selecionando para enviar ou não, avance.
Agora, criaremos o usuário, somente um inicialmente. Você poderá entrar com informações como nome de usuário, nome completo e senha (com confirmação), além de poder usar outras autenticações como os serviços Kerberos ou NIS. Depois deste processo, você poderá criar mais usuários usando o utilitário disponível em Sistema > Administração >Usuários e Grupos.
Embora minha máquina virtual de testes não esteja com o som habilitado, caso tenha uma placa de som instalada corretamente no sistema, uma tela aparecerá para configuração da mesma. Vale lembrar que o Fedora possui uma ótima identificação de placas, restando a você somente testá-la.
Ajustando o volume na barra deslizante, selecione o dispositivo correto no último campo, e verificada todas as informações de fabricante, modelo e módulo, clique no botão tocar (conhecido como "Play"). Se você marcar a caixa "Repetir", o som vai sendo tocado repetidamente, até você parar ("Stop") Vale lembrar que isso também pode ser alterado depois, em Sistema > Administração > Detecção de placas de som: desktop
Enfim, estamos terminados com a instalação do Fedora 8. Como você viu, não foi nenhum bicho de sete cabeças, muito pelo contrário. O Fedora se destaca por uma instalação bem simples, estável e eficaz - assim como a própria distribuição.
Depois de finalizado, você cai para a tela de login, onde deverá inserir seu nome de usuário e senha (nunca tente se logar como root!):
E, finalmente, desfrute de seu Fedora 8.
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