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Pesquisadores criam aplicativo que descreve ambientes para cegos


Sistema opera por comando de voz e também faz leituras de textos, em GO.

Objetivo da pesquisa, desenvolvida na UFG, é distribuir app de forma gratuita.

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, desenvolveram um aplicativo chamado "Olho Eletrônico", que é capaz de descrever ambientes e ler textos para cegos. O grupo pretende lançar o sistema de forma gratuita até o fim de 2017 e busca patrocínio para desenvolver um óculos que realize a mesma função, mas sem a necessidade de internet. Confira testes do produto no site da pesquisa.

O aplicativo funciona da seguinte forma: o usuário aponta a câmera do celular para o local que deseja “enxergar”, toca na tela do celular para acionar o aplicativo e dá o comando de voz dizendo a palavra “ver”. O celular, então, começa a vibrar, o que indica que ele está “interpretando” a imagem captada pela câmera do celular. Após processar as informações, o programa descreve a cena para o usuário através de áudio.

Professor da UFG, Anderson Soares é um dos desenvolvedores do programa.

Ele conta que o grupo se inspirou em outro aplicativo para criar o "Olho Eletrônico". “Esse projeto surgiu inspirado no 'Be My Eyes', no qual uma pessoa cega compartilha, pela internet, uma imagem com alguém que consegue enxergar e essa segunda pessoa dá instruções por meio de áudio para ajudar o deficiente visual. Nossa intenção foi eliminar a necessidade desse colaborador, fazendo com que a inteligência artificial narre as imagens”, Soares afirma que a equipe percebeu que já existia tecnologia desenvolvida que poderia ser aplicada na área, como a usada nos programas de carros autônomos. Além disso, ele cona que grandes empresas de tecnologia da informação estão investindo muito em inteligência artificial, que é usada no aplicativo.

O professor esclarece que, para que o "Olho Eletrônico" seja capaz de entender as imagens e descrevê-las, foi preciso treinar o sistema, oferecendo bancos de imagens já com descrições. Ele relata que o programa já “conhece” 120 mil imagens, mas o objetivo é oferecer cerca de 2 milhões, para que ele possa descrever cenas com mais detalhes e de forma mais precisa.

“Se o usuário pede para o 'Olho Eletrônico' descrever uma sala com pessoas sentadas em uma mesa, por exemplo, o programa busca no treinamento imagens das quais ele já sabe a descrição, compara e interpreta qual delas é a mais parecida com a atual para conseguir entender e descrever essa foto nova”, esclarece.

A partir desse aplicativo a pessoa com deficiência vai poder formar imagens mentais em tempo real"

Marisa Teixiera, diretora do Cebrav Aplicabilidade Ao começar a desenvolver o aplicativo, a equipe procurou o Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual em Goiânia (Cebrav) para identificar demandas das pessoas cegas que poderiam ser incluídas no programa. A diretora do órgão, Marisa Eugênia Teixeira, conta que ficou animada quando soube do estudo e acredita que o "Olho Eletrônico" será uma ferramenta muito útil.

“O projeto é importantíssimo. A partir desse aplicativo a pessoa com deficiência vai poder formar imagens mentais em tempo real. Vai ter noção de imagens, objetos, da leitura. Além disso, poderá se locomover com mais segurança. Hoje temos a bengala, mas ela só evita colisão, ao chegar ao ambiente não identifica nada”, disse.

A diretora acredita que a principal diferença será para as crianças na escola, já que as impressões em braile são difíceis de conseguir.

Segundo ela, somente o Cebrav faz impressões desse material para cegos em Goiás e, como há demanda alta, muitos estudantes demoram a receber o material escolar.

“O aplicativo vai fazer a diferença na vida escolar dos nossos alunos, porque vai permitir que eles leiam, de imediato, o quadro, os livros.

Não vão precisar mais levar em centros especializados para transcrever o material”, afirmou.

Patrocínio

O doutorando Otávio Calaça é outro pesquisador que participa do projeto e conta que, para criar o sistema, foi preciso uma tecnologia cara. No entanto, após o desenvolvimento e treinamento, o programa, é possível disponibilizar o aplicativo de forma gratuita.

“O desenvolvimento demanda uma infraestrutura de alto custo, como uma placa que utilizamos que vale U$ 12 mil. Já os treinamentos demandam tempo. Para ensinar as descrições de 120 mil imagens, por exemplo, é preciso cerca de duas semanas”, disse.

Ele afirma que, além do aplicativo, o grupo quer desenvolver um óculos que desempenhe a mesma função, mas sem a necessidade de internet. A equipe estima que o que o produto custaria cerca de R$ 150, mas precisa de patrocínio para transformar o projeto em realidade.

“O óculos deve ter uma câmera frontal que ficaria ‘observando’ o ambiente. Ele também seria equipado com um fone de ouvido. Sempre que o usuário quiser uma informação sobre o ambiente, ele aperta um botão e o sistema fornece a descrição do local. A proposta é desenvolver isso nos próximos dois anos, por isso estamos buscando apoiadores”, relatou.

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